sexta-feira, 14 de maio de 2010

A sensação de tirar as calças no metrô...




Ansiedade.
Entrar no metrô com o coração na garganta, embarcar, fazer baldeações e enfim, estação “Paraíso”.
Sair sozinho ladeado de desconhecidos, subindo escadas com os ouvidos apurados à procura de vozes.
Enfim, encontrei. Eram vários, dezenas, centenas.
Eram pessoas comuns. Poderia ser você, sua irmã, qualquer pessoa. Eram pessoas de todas as idades, tamanhos, cor, estilo... e estavam lá com um único objetivo.
O apelo não era sexual, era meramente ideológico.
Se livrar de suas calças... no metrô. No meio das pessoas, como se fosse algo normal.
Na verdade, é até um pleonasmo da sociedade considerar esse tipo de ato “anormal”.
Normal pros freqüentadores do metrô/CPTM é deixar de lado todo resquício de ética e moral adquirida durante sua vivencia, para, quando a porta abrir, você atropelar idosos e crianças, sair no soco com pessoas, para conseguir pegar um banco para sentar no seu vagão. E isso acontece diariamente, com milhões de pessoas que utilizam esse meio de transporte público.
(voltando...)
Mas o mais legal, é que embarcamos normalmente, no meio de todas as pessoas de todos os dias. Mesmos rostos vazios e absortos em seus próprios pensamentos.
E então, tiramos nossas calças. Simples assim.
De repente os olhares todos caíram sobre a gente, e esboços de sorrisos ficaram estampados por todos aqueles rostos vazios.
Câmeras digitais e celulares registraram o momento para todo mundo. A cada lado, poses e flashs. E roupas de baixo...
Depois de seguir por várias estações, voltamos e seguimos sentido a grande av. paulista.
Na rua, as pessoas chocaram de vez. Olhamos para o grande relógio no cruzamento Paulista-Augusta. Eram 20h41 do dia 13 de maio de 2010.
Como se não bastasse, ainda marcavam 12º de temperatura.
E mesmo assim, os “sem calça” prosseguiram juntos, até que enfim, se dissiparam e o evento teve seu fim.
O melhor não é ver o sorriso, ou zoar, ou aparecer no “Panico na TV”. O gostoso é se livrar um pouco e de forma humanizada das regras de conduta sem sentido imposta pela sociedade, e em conjunto formar uma grande massa com a mesma idéia.
Quem dera morar em um país onde as manifestações têm um apelo político e as pessoas lutam por direitos. Nesse país do futebol, nossas manifestações (as poucas que temos), são verdadeiros carnavais.
O que importa é a sensação, a ausencia de pudor, o momento. E eu o vivi. E isso não tem preço!