domingo, 30 de maio de 2010

"Amor é bossa nova, sexo é carnaval"

Por Orlando Olivas

Essa famosa frase da canção “Amor e Sexo” da Rita Lee expressa realmente a diferença entre as duas coisas.
Amor é o maior sentimento de aprovação em relação à uma pessoa, e o sexo é a conseqüência disso... Ou não?
Acontece que, ultimamente, o sexo se tornou uma coisa banal para a maioria das pessoas. A própria mídia exibe em massa assuntos voltados à sexualidade em todos os lugares e horários, sem restrições. Não há mais um tabu, apenas apelo sexual; “Use camisinha!”, acabou se tornando um clichê.
A opinião pública é influenciada e catequizada por esses meios, e a massa acaba acatando para si própria estas informações. Muitas vezes essas informações não são corretas, e muita coisa passa despercebido.
“Acho que o apelo sexual é um meio fácil de obter a atenção do público, que com a carência de cultura, acaba se deixando levar por algo que não necessita de produção ou qualquer criatividade” afirma Cleysa Louise Monteiro, 20 anos.
Os jovens são impulsionados a transar mais cedo a cada dia, e com isso, o número de gravidez não planejada e a propagação de doenças sexualmente transmissíveis são mais freqüentes, já que a preocupação acaba se resumindo em ter a relação.
“Na minha primeira vez, acabei esquecendo de tudo, e acabou não tendo tesão sobre aquilo, apenas o ‘Eu não sou mais virgem’”, relata Matheus F., de 21 anos.
Já os pais, cada vez mais distantes dos filhos, acabam sem ter diálogo com eles.
O sexo se tornou um produto mercadológico, onde o que importa é a embalagem. Modelos perfeitamente torneados, exibem seus corpos semi-nus em propagandas de lingeries e seus rostos que denotam desejo sexual, estão estampados em outdoors por todo os lugares que olhamos, o que acarreta um maior número de pessoas inseguras e depressivas, por se sentirem inferiorizadas pelos seus corpos, e até mesmo, incapazes de se relacionarem, deixando assim, de vivenciar momentos que deveria ser considerados bons para ele.
Matheus completa: “O ato sexual não resume em apenas sentir tesão, ou a quantidade de relações em um pequeno espaço de tempo, e sim na perfeição da relação, a amizade e o amor entre os parceiros.”


Sexo sem pudor

Com a banalização do sexo, fantasias ficaram mais comuns.
Sex’s shops estão mais presentes no mercado, como a indústria de filmes eróticos e pornôs, sites de relacionamentos voltados à captação de pessoas para “encontros”, e uma infinidade de serviços para este segmento. Até a procura de garotos e garotas de programas está aumentando.
T.P.V. de 19 anos manifesta “As pessoas têm que se realizarem em todos os sentidos. Eu vejo fantasias sexuais como realização de desejos ou complemento para pessoas que convivem muito tempo juntas e precisam de algo novo para sair da rotina, é essencial”.
Uma segmentação que conquistou um lugar considerável na mercado, são as chamadas “Casas de Swing”, que consiste em uma boate comum, com seus apetrechos. O clima é mais quente, e o forte é a troca de casais. Algumas mais requintadas, investem em outras práticas sexuais, como o sado-masoquismo, salas somente para voyers, Ménage a Trois, e salas livres para sexo grupal. Há também lugares como estes voltados para o público GLS, como saunas e clubes.
“Um homem só pode dizer com certeza absoluta que ele gosta de mulher, depois do dia em que ele ficar (pelo menos uma vez) com outro homem. A minha sorte foi que, ao experimentar outro homem, descobri que é deles que eu REALMENTE gosto. E encontrei minha cara-metade, e convivo com ele á quase 2 anos e meio.”, anuncia André Achileu Montaldi, 24 anos.
Em baladas, há lugares os chamados "dark-rooms", onde lá tudo é permitido.
Com o avanço da tecnologia, já existe o “sexo virtual”. Pessoas se adicionam em programas de mensagens instantâneas, como o MSN Messenger, e ficam se excitando por palavras e as vezes, por webcam.

Em salas de bate papo, por exemplo, a maior procura de parceiros são de pessoas casadas.
Segundo psicólogos, realizar fantasias sexuais é completamente saudável, porém a preocupação está no numero de parceiros e na ausência de preservativos.
“Hoje o mundo anda muito conturbado, para as pessoas pararem e prestarem atenção em algo, ou tem que ser muito interessante ou apelativo, ou seja, acho normal porem imoral”, declara T.P.V.


Solte a imaginação, mas com segurança!


Bareback

O termo “bareback” (ao pé da letra “traseiro careca”, traduzido também como “cavalgada sem sela”) ficou mundialmente conhecido como prática sexual sem camisinha. Surgiu nos Estados Unidos com casais gays que, apesar de toda a campanha contra a AIDS, insistiam em querer fazer sexo sem preservativo, como uma forma de protesto. Hoje em dia é praticado como “esporte” sexual, uma espécie de roleta russa, onde você corre o risco de ser contaminado ou não pelo vírus da AIDS. Para alguns, é um grupo de pessoas em busca do sexo livre, que realiza festas e promove encontros via Internet para fazer sexo sem camisinha, e se tratam de suicidas. Já para boa parte dos gays, eles significam “um retrocesso das conquistas feitas durante os anos mais duros da epidemia, quando os homossexuais foram os mais atingidos e estigmatizados”.
André confessa “Já pratiquei sim, mas não recomendo, a menos que você conheça a pessoa a ponto de saber que ela não tem uma DST.” Já Cleysa contexta “Nunca fiz, mas já presenciei algumas em baladas GLS, esse tipo de coisa rola com freqüência”.
A mídia vem jogando isso em massa para a sociedade com uma abordagem preconceituosa de promiscuidade de homossexuais, porem, na mídia segmentada para eles, trata-se como um assunto mais sério, mostrando o lado negativo e o positivo, este com glamour, muitas vezes incentivando a prática.