sexta-feira, 28 de maio de 2010

Fechem os olhos e abram as mentes

Por Débora Kaoru


Notícias que convém apenas a quem as publica e publicidade de “visão” transformam o público em meros espectadores. Vale tudo na briga pela audiência?



Vemos na mídia de hoje diversas coisas que não acrescentam em nada no quesito informação. As emissoras de TV , por exemplo, transformam a busca por audiência em um ringue de vale-tudo. Não existe mais os padrões éticos e consequentemente o respeito com o público que, nesse caso, não passa de um alvo. Compromisso com a verdade, levar informações de relevância e “não fazer um circo sobre as tragédias” são alguns deveres da mídia. No entanto, não é isso que vemos, ouvimos e lemos diariamente.

A história da TV brasileira conta com episódios que demonstram a mais pura falta de ética. Um deles aconteceu no dia 7 de setembro de 2003, durante o programa Domingo Legal, do SBT. Na ocasião, o apresentador Gugu Liberato, levou ao ar uma entrevista com dois homens encapuzados que afirmavam pertencer ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Os dois elementos fizeram ameaças contra autoridades do estado de São Paulo e apresentadores de programas jornalísticos, do gênero investigativo, das emissoras concorrentes. Uma semana depois, a Polícia Civil de São Paulo abriu inquérito para apurar a autenticidade da entrevista. No dia 17 de outubro, foi descoberto que a matéria havia sido forjada.

Recentemente uma frase do jornalista Boris Casoy, âncora do Jornal da Band, que vazou durante o programa do dia 31 de dezembro de 2009, desencadeou uma polêmica acerca dos princípios e deveres dos comunicadores. “Que merda: dois lixeiros desejando felicidades do alto da suas vassouras. O mais baixo na escala do trabalho.” Apesar de Boris assumir o seu erro, suas palavras serão lembradas por gerações.

Casos como esse, não são exclusividade das emissoras de TV. A publicidade por vezes nos mostra que a verdadeira ética fica bem longe de suas agência de criação. O Grupo Schincariol promoveu o lançamento da cerveja Devassa Bem Gelada no Carnaval de 2010 e exibiu uma propaganda durante todo o feriado com a socialite Paris Hilton. Após os festejos, a propaganda foi tirada do ar pelo Conselho de Autorregulamentação Publicitária (CONAR). Segundo o órgão, o comercial tinha excessivo apelo sexual. A proibição gerou questionamentos, afinal, não é novidade alguma para os brasileiros o “conceito sensual pós – moderno tupiniquim”. Todas as marcas de cerveja do Brasil utilizam ou já utilizaram desse artifício para vender.

O que devemos ter em mente é que, a mídia em geral deve trazer algo que agregue cultura, seja ela histórica, de entretenimento, entre outras. Precisamos de informações de relevância e conteúdos interessantes. Chega de alienação. O público precisa abrir os olhos, ouvidos e, o principal, a mente.