sábado, 29 de maio de 2010

Heroes, a série fora de seu tempo


fonte: http://heroes.seriestv.com.br/viewforum.php?f=5


Heroes foi criada por Tim Kring, transmitida e produzida pela rede americana NBC. Teve sua estréia no dia 25 de setembro de 2006. Naquele ano, a série causou frisson nos amantes de seriados e chegou a ser dito que seria o sucessor natural de Lost devido a trama bem construída e as resoluções do enredo acontecendo gradativamente.


O slogan "pessoas ordinárias, com habilidades extraordinárias" exemplificava com perfeição do que se tratava a série, pessoas comuns ao redor do mundo descobriam possuir habilidades sobre-humanas. Pessoas que têm super-força, outras que lêem as mentes, outros capazes de fazer fogo com as mãos e ainda tinha aqueles agraciados que podiam imitar todas as habilidades daqueles com quem tinham contato. Mas, os poderes eram meros gracejos. O foco e o destaque mesmo daquela promissora série era mostrar como os "super-herois" lidavam com seus problemas corriqueiros.


Exemplos?! Claro! Um deles só se preocupava em se eleger como senador e evitar o fim de seu casamento. O outro tentava conciliar seu emprego e a atenção à esposa. Tinha aquela que se preocupava com a educação de seu filho e fugir dos "mafiosos" com quem seu ex-marido tinha se envolvido. O seriado apresentou ainda assuntos mais "fantásticos" como um filho que buscava desvendar o assassinato do pai, um enfermeiro que tentava entender suas mutações e ajudar os outros e o, provavelmente, destaque de todas as temporadas de Heroes,serial killer em cima do muro. Conflitante com seu passado dramático, indeciso se era um vilão ou mocinho, levando ao máximo as nuances da personalidade humana. Complexo, rico e instigante. Apesar de todos torcermos para que ele fosse derrotado, sempre queríamos que aparecesse mais.


Heroes teve um outro ingrediente para seu sucesso em 2006, o uso de uma mídia que pouco tinha a ver com o "palco" principal que era a TV. A internet foi usada de uma forma diferente, completamente imersiva e que ajudava a completar a experiência do seriado, só que interativo. Vídeos eram liberados, blogs e sites paralelos que ajudavam a desvendar segredos para os mais afincos, os inovadores "websódios" que contavam a história de personagens secundários e claro, quadrinhos.

Depois do desfecho interessante da primeira temporada, os ganchos deixados para a segunda não foram suficientes para salvar a série de sua descida desenfreada rumo ao fracasso. A antes promissora série, substituta de Lost, começava a cair em decadência com a falta de criatividade dos roteiristas. Clichês e mais clichês copiados descaradamente dos quadrinhos, mídia que indiscutivelmente serviu de inspiração para a criação do seriado, não funcionaram para a série. A inserção de novos personagens, praticamente todos sem carisma algum, contribuiu para a queda da audincia. Mas, os maiores erros foram matar a musa forçuda da série e tirar os poderes do personagem mais cativante. Os fãs continuaram acreditando e dando "desculpas" para os erros da equipe de criação, mas, um golpe acabou contribuindo para o desfecho insosso de "Generations"(nome dado a segunda temporada). Em 2007 uma greve de roteiristas assolou Hollywood, os responsáveis pelas histórias de filmes e séries pediam reajustes salariais e diversas séries foram canceladas outras abruptamente tiveram que parar as produções. O caso de Heroes foi este.

A esperança era a terceira temporada. Ah! Esta vã esperança...

Mas, aí não teve jeito. Foi aqui que a série se perdeu de vez. Zilhões de personagens novos. Todos. T-O-D-O-S sem carisma algum. Deram os poderes de volta para o vilão que todos amam odiar, mas, não adiantou. Transformaram nossa musa em uma dama de gelo, um clone, não era a personagem que todos se identificaram na primeira temporada. A líder de torcida que sofria de "crises existenciais" desde a segunda temporada, não quis saber de amadurecer. Colocaram o bom moço supremo, o "Control C, Control V", como uma espécie de vilão, quase sendo capaz de matar e tudo. Nem a simpatia do japonês conseguiu dar certo. As audiências caindo vertiginosamente. E o que importa para quem produz é a audîência. Ela traz os anunciantes que pagam o programa.

Eis que se descobriu o "problema", Heroes diminuía temporada à temporada sua audiência... na TV. A série era sucesso total na internet. Milhares faziam e fazem downloads dos episódios principais, dos spin-offs, dos quadrinhos...Ufa! A série não é um fracasso. É um sucesso... Da Internet. Ainda que sua qualidade tenha decaído com o passar das temporadas, as pessoas continuavam assistindo Heroes. No entanto, como disse acima, o que paga os programas televisivos são os anunciantes. E a internet ainda é um bebê neste sentido. Está crescendo rápido é verdade. Mas, ainda não chegou ao ponto que os investimentos irão "pagar" a produção dos programas.

O tema inovador para uma série televisiva, a interatividade com os telespectadores e "internetespectadores", os quadrinhos, os websódios, os downloads... Foi um sucesso. Contráditório, mas, Peter, Nikki, Claire, Hiro, Noah, Sylar e até mesmo Mr. Muggles foram sucesso.

Heroes, afirmo, depois desta análise que divido com vocês, é a série fora de seu tempo.