sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Tirando a Poeira

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Lenina Velloso, a jornalista geminiana da telinha mágica





Por Orlando Olivas


Não há quem a conheça e não fique encantado. Sua profissão lhe dá destaque e o seu carisma a favorece entre tantas outras. Exatamente hoje, com um blazer verde escuro impecável, me recordo da previsão do tempo apresentada com
precisão e o talento de quem faz isso naturalmente, como se fosse tão
fácil quanto escovar os dentes.

Lenina Velloso, loura, 1,68 cm, 29 anos, encara a câmera do estúdio da TV·Diário, afiliada Rede Globo, e de sua boca saem palavras que invadem os
lares de aproximadamente um milhão e meio de pessoas de todo o Alto
Tietê. Pessoas que aguardam ansiosamente por essas informações.

Há sete anos na empresa, Lenina apresenta diariamente dois dos três
principais telejornais da emissora (desconsiderando os plantões de fins de semana, que variam). Além das responsabilidades de âncora, ela também edita o material antes de ir ao ar. Seu feitiço começa com o “Olá, um bom dia para você! Agora são 8
horas e 10 minutos”. Pronto. Os olhares já estão na telinha mágica!
E isso a faz ser reconhecida por onde passa, até pedidos de autógrafos recebe. E quando chega a hora do almoço, o Diário TV primeira edição entra no ar e lá está ela de novo. Lenina, jornalista e geminiana, atributos que por si só destacam suas principais características: hiperativa e comunicativa. E quem diria que a “moça da televisão” tem medo de avião, não gosta de jiló e adora a cor roxa? Talvez, somente, os que têm o privilégio de conhecê-la como companheira de trabalho.

Faz parte do dia a dia de qualquer jornalista lidar com as adversidades da profissão, mas Lenina faz isso com classe. Mesmo quando a maquiagem borra, a lente de contato sai do lugar e o teleprompter “pifa” lá está ela firme e forte, driblando os contratempos e aguardando os comerciais para respirar tranquilamente. E como esquecer do dia que foi quase impossível segurar o riso após a exibição do VT em que o colega João Gabriel Bressam se fantasiou inesperadamente de John Lenon? Esse episódio certamente será lembrado para sempre.


Subindo Degraus



Para Lenina, o jornalismo foi uma escolha prematura. Desde a pré-adolescência ela já tinha certeza que essa seria sua profissão. No segundo ano do ensino médio, o pai percebeu sua vocação e decidiu levá-la até a redação do “Diário de Mogi” para que sentisse o jornalismo na pele. E por lá ficou dois meses, acompanhando a rotina da redação e das equipes que cobriam pautas externas. A partir daí, o jornalismo deixou de ser um mero interesse e passou a ser paixão.

Começou a faculdade de jornalismo na Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), e iniciou um estágio no “Diário de Mogi”. Não era remunerado, mas foi lá que “foca” teve o primeiro contato com a profissão e, também, onde aprendeu a dar os primeiros passos de sua carreira. No segundo ano da faculdade, foi contratada como assistente de redação do mesmo jornal e quando estava para terminar seu curso, Lenina foi uma das “focas” finalistas do concurso do “Jornal Estadão”. A boa colocação a ajudou bastante, pois além de ganhar um computador e uma impressora, teve sua matéria publicada no jornal. Depois de formada, foi trabalhar no “Diário de Suzano” como chefe de reportagem. A experiência foi “estranha”, como ela mesma descreve, já que com 21 anos era chefe de pessoas mais velhas e com mais experiência do que ela. Ficou lá por seis meses, quando recebeu uma proposta para trabalhar como produtora na TV Diário. Mas ela queria a rua! “Jornalista que não vai para rua, não conhece o jornalismo”, afirma com convicção.

No começo foi bem difícil, já que falavam que sua voz era fina, que o seu cabelo era ruim e que ela não tinha “vídeo” para trabalhar na frente das câmeras. Somente um ano após fazer reportagens, teve uma matéria com sua voz exibida, pois, até então, eram gravadas por outros repórteres.

“Tive muita persistência, qualquer pessoa no meu lugar teria desistido pelo tanto de ‘nãos’ que eu ouvi”, desabafa enquanto relembra os fatos. Somente no ano passado é que Lenina começou a apresentar os telejornais da emissora e em seguida, iniciou o processo do “Diário dos 450” ao lado de João Gabriel Bressam.


Lenina dos Bastidores



Mas quem é a Lenina dos bastidores? Eu lhe conto, caro leitor. A defino como a simpatia em pessoa. Com seu jeito de menina, ela brinca com a toda a equipe. Ao gravar as chamadas e entradas dos jornais, basta errar que... “péééé!”, a onomatopéia de buzina surge. E do que se orgulha nossa colega de profissão? No trabalho, se orgulha do programa “Diário dos 450”. E quem melhor pra falar sobre uma Mogi das Cruzes de quase meio milênio do que a mogiana nata que decidiu aos 13 anos que queria ser jornalista. O “Diário dos 450” levou, em um ano de exibição, a história da cidade em várias perspectivas para os lares do Alto Tietê. Ouso afirmar, inclusive, que esse talvez seja o maior e mais importante registro audiovisual documentado sobre a história de Mogi.

Já na vida, ela tem orgulho de trabalhar naquilo que gosta. “É um mercado concorrido, mal remunerado e em que se trabalha muito... Mas ser jornalista é isso, querer fazer jornalismo como for. Não importa se é na televisão, no rádio, jornal, revista... Não importa por onde você faça, desde que faça”, completa.

Antes de finalizar a breve entrevista, questionei sobre os trabalhos que mais gostou de fazer na televisão. Entre as matérias preferidas, ela destaca uma feita na praça Oswaldo Cruz, onde foi gravar um assunto, mas ao chegar percebeu um grande número de pássaros cantando. Como boa jornalista, quis saber do que se tratava e durante a “verificação”, descobriu que o “canto dos pássaros” vinha de várias caixinhas de som espalhadas nos postes da praça. O disco que tocava sem interrupções ficava na base da Polícia Militar.

Para quem nunca tinha pensado em trabalhar na televisão, Lenina venceu inúmeros desafios e mostrou que nasceu preparada. Ela já chegou a entrar em mata fechada com chuva, acampando e comendo comida do exército para acompanhar o desenrolar de uma matéria. E assim segue a loura, nesse universo louco chamado jornalismo, deixando de lado os estudos, já que sobra vontade e falta tempo. Nas horas vagas, ainda escuta as suas “músicas velhas” de rock e MPB, sem deixar para trás seu som preferido: a banda Queen. Seu livro predileto é “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, e o lugar mais bonito que conheceu foi Fernando de Noronha, onde passou sua Lua de Mel.

Conhecer Lenina Velloso é uma oportunidade para poucos, pois saber que ela tem vontade de conhecer a Europa, que adora comida japonesa e ganhar roupa de presente é uma coisa, mas poder conviver com a profissional Lenina diariamente é como estar em uma escola e ver um grande mestre explicando com toda paciência e confiança de quem sabe o que está fazendo.



E se ela tivesse descoberto antes que seu sonho era ser bailarina, o que seria do nosso telejornal de cada dia? A resposta eu não sei, mas com certeza ele não teria a mesma graça e o brilho que faz da telinha mágica, não apenas um eletrodoméstico, mas um companheiro, um educador, um formador de opinião.