quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Há tempos não nos falamos

Oi ex,

Hoje não venho com palavras de ódio, nem te culpar por nenhum episódio, tampouco me colocar em cima de um pódio.
Sim, houve um tempo. Tempo em que desejei cascas de banana na sua calçada, um bicho gordo na sua goiaba, 28 pedágios na sua estrada.
Também não vim te acusar, nem te mandar se lascar, muito menos te pedir pra voltar.
A mágoa foi inevitável, mas se história é imutável, talvez tenhamos que pensar num caminho alternativo viável.
Vim perguntar se você está bem, se continua tendo sonhos do além, se contou dos seus medos para mais alguém.
Se seu pai largou o cigarro, se você conseguiu trocar de carro, se houve algo entre a gente que não tenha ficado claro.
Vim dizer que lembrei de você. Porque finalmente comi cordeiro, porque ri conversando com meu porteiro, porque nosso verão foram anos inteiros.
Vim com bandeira branca, sem qualquer indício de cobrança, apenas me divertindo com algumas lembranças.
Vim te contar que encontrei aquela nossa conhecida, a que foi morar em Aparecida, e que ela tá com a bunda super caída.
Vim contar que vi seu colega de trabalho, que ele tá meio grisalho, mas que ainda dá pra quebrar algum galho.
Vim falar de coisas que ninguém mais entenderia, que achei as fotos daquela viagem para a Bahia e que finalmente tem açaí aqui na minha padaria.
Não vim criticar sua nova paquera, nem retomar aquele clima de guerra, nem dizer qualquer coisa que não seja sincera.
Vim te dizer que está tudo ok, que eu tive uma doença, mas sarei, e que aquele meu vizinho, de fato, é gay.
Não vim te propor uma bela amizade, um sorvete no fim da tarde e nem um fim de história marcado por vaidade.
Vim pra te desejar alguma sorte, vim porque já voltei a ser forte e porque sei que memória não respeita pena de morte.
Vim te deixar um abraço, porque te querer bem é o melhor que eu faço e porque, afinal, já chega desse cansaço.
Vim te dizer para ficar em paz, para respeitarmos o que deixamos para trás e para propor, enfim, que a gente não se queira mal, apenas não se queira mais.





Fonte: Estado de São Paulo / Autoria: Ruth Manus

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Cegueira

Me pego em pensamento
Questionando o meu tormento
Se abrir os olhos vejo adultério
Se fechar, tudo é mistério

Até quando ver vale a pena
Quando só vejo coisa pequena
Que machuca o coração 
E só me faz dizer não?

Hoje eu abraço a escuridão 
Sem luz, as sombras não me encontrarão 
E com o acaso eu dou a mão

E assim sigo de bobeira
Como se fosse coisa corriqueira 
Bem-vinda amiga cegueira!

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Nome

meu nome estava escrito
num papel amassado
rascunho de carta
coração apertado
um amor não correspondido
um caso encerrado.

meu nome estava escrito
no serasa e spc
ja devia muitos zeros
e sabia o porquê
num mundo onde rico vive
e pobre trabalha pra valer
eu fugia do destino
procurando me esconder.

meu nome estava escrito
na página do jornal
era o assunto, que raro
era o autor, que normal
ganhava pouco e me orgulhava
de uma vida simples e banal
até que a vida me jogou
pras bandas de Cabral.

meu nome estava escrito
na bunda do mosquito.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Ansiedade

As horas passam, o coração aperta.
Vontade de correr daqui
e só voltar na hora certa

Por onde ando isso me atormenta
Feito pedra no sapato
A cada passo a dor aumenta

Minha mente voa em todas as direções
em busca de respostas pra minhas confusões
Mesmo já tendo tomado tantas decisões
O tempo não ameniza minhas emoções

E como controlar tanta saudade
Que sei que sentirei dessa cidade?
Mesmo sem responder essa frase,
não consigo conter essa maldita ansiedade!

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Navegar é preciso

Me peguei pensando nessa frase e conclui que mais uma etapa da minha vida chegou ao fim. Vou sentir saudades infinitas dessas ruas, no Douro, do verão portuense, das pessoas daqui, das pessoas de lá que moram aqui, dos Aliados, da Ponte Don Luis, do café, dos autocarros, do metro, da francesinha, alheira, vinhos, sangria, somersby, da vodka preta, do continente, pingo doce e mini preço; licor beirão, pastel de nata, da Foz, da Praia de Matosinhos, do sotaque português (principalmente o tripeiro), do São João do Porto, da rua Santa Catarina, da baixa, da ribeira, jantares, da vida daqui... É tanta coisa que quanto mais eu penso, mais saudade dá! Nem fui e já sei a saudade que sinto, e o vazio que fica no peito.
O choro chega enquanto escrevo, e reflito as palavras do Fernando Pessoa.
O Porto é um daqueles lugares onde você chega e se apaixona a primeira vista, e o amor fica pra vida toda. A luz da cidade reflete na alma de cada pessoa que por aqui passa... É incrível como a gente percebe a magia que esse lugar tem! É um lugar pra se chamar de casa, onde a rotina é passar por lugares maravilhosos e ser grato apenas por estar aqui. Mas, infelizmente, chegou a hora de partir. 
A idéia era escrever um texto bonito, como o que postei quando completei um ano de Portugal, mas não consigo.
Não quero escrever as considerações finais colocando um ponto final, pois ainda quero voltar e escrever mais histórias sobre o Porto na minha vida... Nesses dois anos, aprendi que colhemos os frutos do que plantamos, mas há coisas que não dependem da gente. Podemos fazer o que pudermos, mas o futuro continua sendo um mistério e tudo pode correr do jeito que esperamos ou não. 
Então me pego ansiando buscar outros ares, talvez me arrisque pra outras "bandas", talvez recue para tentar um salto mais alto... talvez não.
Mas com o fim, um novo começo; e agora a frase passou a fazer sentido na minha vida, pois como diria o poeta: navegar é preciso, viver não é preciso.

Obrigado a todos que viveram comigo esses ultimos (quase) 2 anos em terras lusitanas. Até logo!

Torre dos Clérigos

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O Dedo Podre

Passei longos anos da minha vida acreditando que ia ganhar na loteria. Jogava ano após ano no Brasil na megasena, sem sucesso. Em Portugal, passei a jogar no euromilhões, apostei umas cinco vezes e ganhei três, por incrível que pareça. Mas nada significativo, o valor dos prêmios juntos não superava 15€. Nas raspadinhas dei mas sorte, mas o prêmio eu sempre pegava outra, riscava e fim. Como diriam os franceses, “désolé”.
Acreditei tanto em vão, tudo por ter crescido ouvindo aquele velho ditado “Azar no amor, sorte no jogo”. Esses longos anos de jogatina, foram apenas reflexos das frustrações de relacionamentos passados.
Relacionamentos com traição, mentira, ciúme, desapego, rancor... enfim, tanta coisa. “Ô dedinho podre”, eu pensava.
Ai chega um dia, e tenho a chance de expor o que penso e ao mesmo tempo ter a humildade de ouvir o que um ex tem a falar. Claro que há ex e ex. Há ex que fica amigo, ex que continua sendo filho da puta, ex que afff... e ex que é apenas ex.
Esse último, é aquele que expõe tudo sem querer ficar na neutralidade. Assume os erros, aponta os erros, desabafa e fim, não tem nenhum “mimimi” pra ostentar uma foda futura.
E nos pontos nos “is” descobri que eu não tenho o dedo podre, muito pelo contrário, com o tempo tenho a constante mania de me tornar o dedo podre nos meus relacionamentos.

Agora estou no dilema, se procuro um namorado novo ou se vou pra um cassino ou no bingo da esquina.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Eu

Sou uma contradição, um típico leonino teimoso,
Na cama, acompanhado sou um amante quente, sozinho um menino preguiçoso
Sou a inconstância em pessoa, somente o 8 e o 80, juntos, me definem
Meus amigos me acham impulsivo, ás vezes engraçado
Ostento uma imagem de glamour, posição de liderança
Acho que é porque sou tipo que penso grande, não me limito
Quero sempre mais, e do melhor
Não me apego a lugares, estou em constante mudança...
Sou a mutação de Darwin sobre minha própria existência
Gosto de comer bem, de um bom vinho e um bom café
Não ligo tanto pra doces, gosto mais de cheirar
Meu instinto está totalmente ligado ao olfato
Meu toque é calmo, não gosto de nada as pressas.
Meu combustível é a música... regada de um pouco de carinho
No trabalho sou aquele chato que ambiciona crescer rápido
Tenho uma intuição aguçada que esbarra a mediunidade
Coleciono objetos por prazer, sempre vai existir algo pra comprar
Procrastino quando não quero e não gosto de algo,
Sou mesmo firme quando defendo meus valores
Tenho um senso de justiça que as vezes se aproxima da ingenuidade
Gosto dos venenos mais lentos, porque tudo que me mata me faz sentir mais vivo
Enquanto conto até dez, tenho os pensamentos a mil
Gosto de pertencer ao grupo das pessoas que estão sempre por fora
Chego atrasado, gosto de entradas triunfantes
Não aturo preconceito  e/ou pensamentos pré-estabelecidamente imutáveis
Gosto do olhar, do flerte, de borboletas no estômago
Sou uma criança, um adulto, um velho, um adolescente... todo ao mesmo tempo, junto e misturado
Não guardo rancor, o tempo faz passar
Tenho o hábito de escrever coisas sem sentido apenas pra”botar pra fora”, mesmo sabendo que ninguém vai ler, e sem intenção que seja lido
Gosto de navegar entre os assuntos, ser curioso, saber mais e de repente mudar o discurso novamente.
Gosto de viajar pra todo lugar, cidadão do mundo eu sou
E mesmo com ciúme, mesmo ás vezes me fechando,
Quando digo “eu te amo” é porque é a pessoa que eu quero. Simples assim.

E não me admiraria nada se no final de tudo, EU ainda surpreendesse e fosse totalmente o contrário disso, só pra VOCÊ achar graça.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Com o tempo...

Com o tempo aprendemos que viver em sociedade não é tão fácil,
Que nem sempre as pessoas dizem verdade
Que a decepção vem uma hora ou outra.

Com o tempo deixamos de acreditar que tudo é pra sempre
Que a grama do vizinho é mais verde
Que somos especiais
Que vamos viver uma vida com satisfação.

Com o tempo aquele amor que existia vai indo embora pelo ralo
Simples assim, num estalar de dedos
Apenas vai sem se despedir...

Com o tempo as máscaras caem junto com a ficha
E a vontade de continuar e insistir desaparece
Como num toque de mágica.


Certas coisas são impossíveis de impedir, pois, com o tempo...

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O Porto segundo o Junior