domingo, 14 de outubro de 2012

Platônico


Olho o relógio, estamos atrasados
Há 12 minutos deveríamos ter nos encontrado
Sinto que estou a suar, minha boca está seca
Desço da estação, coração acelera
Olhares focados em todos os pontos e ouvidos apurados
Pronto, te achei. Coração pela boca.
Então você se aproxima e diz "Oi"
Emoção do primeiro contato, um abraço tímido
Não sei o que falar... Muita coisa pra assimilar.
Mas disfarço, aliás, uma coisa que faço bem.
Disfarço que eu queria que o tempo parasse ali...
E continuo ouvindo, e falando... sorrindo...
Mas ao mesmo tempo olhando, analisando, explorando...
Me sinto um pouco stalker enquanto caminhamos
E caminhamos. Reparo no seu andar, na sua voz, no sotaque
No jeito que mexe os braços, no desenho das calças no corpo
Na sua bota de couro castanho, no seu sorriso
De tudo, o que mais me surpreende é o olhar tímido enquanto te encaro.
Cumplicidade, a atenção está voltada a mim. Tento medir o que falar, mas estou travado...
Há um muro entre a gente.
Então o dia caminha assim, comigo tentando ser o mais natural possível... Colou?
Apenas tentei mergulhar nos seus quilômetros de mistérios trancafiados dentro da sua insegurança, porém em vão.
Apesar de toda sinceridade em tudo o que disse, faltou algo.
Hora de ir embora... sorriso, aquela sensação de "e agora, o que faço?"
"Tchau" e te vejo pela ultima vez enquanto desço as escadas.
Coração dispara, mensagem sua.
Expectativas... Conversas... e um banho de água fria pra fechar a noite.
fim.