quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Beisebol brasileiro na mira dos gringos

Por Débora Kaoru e Orlando Olivas

Sem Barreiras

O Brasil é conhecido mundialmente como o país do futebol. Mas o que muitas pessoas não sabem é que vários esportes populares em outros países têm conquistado espaço em todo o território nacional. Um exemplo é a procura por aulas de beisebol que aumenta a cada ano, especialmente na Região do Alto Tietê. Em virtude desse avanço registrado na última década, hoje os atletas brasileiros são cobiçados por grandes clubes internacionais.

De acordo com o técnico da equipe Gecebs, Estevão Sato, ex-jogador e comandante da Seleção Brasileira de Beisebol, o interesse pelo esporte seria muito maior se houvesse ampla divulgação e investimentos privados. “Os patrocínios se concentram exclusivamente no futebol”, afirma o técnico. A equipe Gecebs nasceu em Arujá, conhecida como “Cidade do Beisebol”. O município ganhou o apelido por reunir o maior número de times na modalidade em todo o estado de São Paulo.

Apesar das dificuldades enfrentadas pelos clubes, o esporte tem se fortalecido. Depois do Pan do Rio de Janeiro, em 2007, olheiros dos Estados Unidos e Japão passaram a visitar o país com mais frequência. Esses agentes rodam o mundo atrás de novos e lucrativos talentos, como o adolescente Thiago Vieiras, de 17 anos, que atuava no Gecebs. O jovem arremessador, posição considerada a mais importante no beisebol, foi contratado na última semana para integrar uma equipe americana.

Segundo Sato, seis clubes internacionais disputavam o passe do arremessador, mas o garoto optou pelo time americano. “Torcemos pelo sucesso do Thiago. Ele é uma pessoa de origem humilde, que encontrou no esporte uma forma de crescer e ajudar sua família e a comunidade onde nasceu”, elogia o técnico, que jogou no Japão durante sete anos.


Tradição


O beisebol foi trazido para o Brasil no final do século 19 por norte-americanos que vinham trabalhar nas empresas nacionais. Contudo, a modalidade passou a ser conhecida como o esporte dos japoneses. A explicação é simples: o beisebol se desenvolveu no interior do Estado, onde a Colônia Japonesa representava grande parte da população. Na época, os torneios eram realizados nas fazendas.

A tradição é seguida até hoje pelos descendentes japoneses, que mantêm, além das equipes adultas, as categorias de base para incentivar os pequenos atletas. A Prefeitura de Arujá patrocina um projeto junto ao clube Gecebs para que as crianças conheçam um pouco da cultura regional e aprendam a jogar beisebol. “Priorizamos as categorias de base porque as crianças são o futuro do País. Temos mais de 45 alunos aprendendo, antes de qualquer coisa, valores como união e respeito. Somente assim criaremos grandes esportistas”, conclui Sato.


Regras do jogo


O esporte consiste em marcar pontos, que são chamados de “runs”. O campo é um semicírculo, com um quadrado inserido. As bases ficam posicionadas nos pontos de encontro entre o quadrado e o semicírculo. Cada uma das duas equipes possui nove jogadores.

A dinâmica do jogo funciona da seguinte forma: o “pintcher” (lançador) deve arremessar (em três chances) a bola e passar pelo “runner” (batedor). Atrás deste fica o apanhador, da mesma equipe do arremessador, chamado de “catcher”. O rebatedor deve acertar a bola e correr para as bases. Quando a bola é jogada para fora do estádio a equipe ganha um ponto. Essa jogada é conhecida como “home run”. Os interceptadores do time adversário devem pegar a bola e jogar na direção das bases para os jogadores de sua equipe, para evitar o progresso do batedor. Caso o batedor consiga percorrer todas as bases, o ponto é computado.

O jogo inteiro é composto de nove turnos (ataque e defesa alternados). Cada turno termina quando os três batedores são substituídos. Isso ocorre, quando o ponto não é marcado.