segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Prefeitura inicia plano de manejo

Por Orlando Olivas e Débora Kaoru

O Parque Municipal da Mogi das Cruzes Francisco Affonso de Mello, conhecido como “Parque do Itapeti”, é um dos mais antigos da região, além de ser um dos mais ricos em espécies de animais e vegetais. Pouco tempo após sua inauguração, o parque se transformou na principal área de lazer dos moradores do Alto Tietê, que passaram a contar com um espaço próprio para a realização de piqueniques ao ar livre, passeios de pedalinho e trilhas.
Hoje, essas atividades ficaram apenas na memória. O parque, que antes recebia cerca de 500 mil pessoas por final de semana, atualmente é um local calmo com vegetação intensa e mata cerrada. Isso porque, desde 2008 o parque está fechado para visitas devido à implantação do projeto de remanejamento, que visa catalogar todas as formas de vida existentes na mata e elaborar normas de utilização da área.
O “Parque do Itapeti” foi fechado pela primeira vez em 1987 para o primeiro plano de manejo, mas, na época, ainda recebia pequenos grupos agendados. Somente no ano passado, o local foi reaberto, com uma limitação: agora, todas as visitas são monitoradas.
“A função do plano de manejo é conservar a biodiversidade e em seguida, incentivar a recreação, turismo e as pesquisas científicas”, afirma Diego Gonzáles, engenheiro ambiental.
O plano foi elaborado porque desde sua abertura, o parque era aberto à visitação, o que causou um impacto ambiental negativo devido à má utilização do espaço. “Como os visitantes tinham total liberdade para andar pela área, inclusive no meio da mata, o local foi ficando cheio de lixo”, explica Gonzáles.
Além disso, houve prática de caça de animais, depredação, extração ilegal de madeira, roubos e assaltos. Essas ações impulsionaram a Prefeitura de Mogi das Cruzes a fechar o parque.
Nos dias atuais, com vegetação secundária (estado avançado de regeneração da mata) de 325 hectares, o “Parque do Itapeti” compõe as áreas de preservação do município. A cidade possui mais de 65% de seu território situado em áreas de preservação ambiental que abrigam espécies raras da fauna e flora.
“O plano é importante porque vai estabelecer diretrizes e normas de uso do parque”, afirma Pedro Luiz Tomasulo, biólogo responsável pela vegetação.
Pedro, que atualmente trabalha no plano de manejo, encontrou uma nova espécie de árvore que está sendo catalogada no México, mas que habita o parque há mais de 50 anos.
A função dos biólogos é catalogar cada espécie identificada. Rodnei Iartelli, profissional especializado em aves, acredita que somente nessa área, existam entre 135 a 200 espécies diferentes.
Entre as novas regras, além de visitas monitoradas, haverá uma palestra de educação ambiental para os visitantes, explicando a importância da preservação das áreas verdes para a sociedade e, principalmente, para o planeta.
A diretora de Meio Ambiente de Mogi das Cruzes, Lucila Manzatti, enfatiza que o “plano de manejo é o principal instrumento normativo de uma unidade de preservação”. De acordo com ela, o remanejamento inclui a implantação de corredores ecológicos e, além disso, o parque receberá algumas espécies de animais que ficaram isoladas e ameaçadas de extinção no Taboão da Serra, após a construção de novas rodovias.
O último estudo do Parque Municipal foi realizado há 15 anos e, mesmo assim, o local é ponto de referência para a comunidade científica.
“O Parque Municipal é, na verdade, uma atração ecológica onde as pessoas podem visitar, não como opção de lazer, mas com a intenção de conhecer mais sobre a natureza”, conclui a diretora.

Recordações


As aventuras vividas no “Parque do Itapeti” estão nas lembranças de muitas pessoas que frequentavam o local há 30 anos atrás. Entre elas, a aposentada Maria José Melo, que já foi uma das responsáveis pelo funcionamento do pedalinho do Parque Municipal. “Meu marido e eu começamos a trabalhar no parque antes mesmo da sua inauguração”, relembra com emoção Maria José, que trabalhou no parque durante 14 anos.
Segundo ela, naquela época, a área contava uma infraestrutura completa: lago, brinquedos para as crianças, espaço para piqueniques e, até mesmo, churrasqueiras. “Nós começamos com dois pedalinhos, mas chegamos a ter 14. A fila era tão grande, que a gente tinha que alugar por 15 minutos, senão saía até briga”, diverti-se.